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Portugal regista onze mil cancros de pele por ano

26-01-2011 10:29

 

Portugal regista onze mil cancros de pele por ano

 

2010-01-02

LEONOR PAIVA WATSON

Portugal regista 10 mil novos casos de cancro de pele por ano e ainda mil novos de melanoma (o mais maligno). Em 90% deles, a causa foi a excessiva exposição a raios ultravioleta. Os solários vieram potenciar o drama: vinte minutos equivalem a dia e meio de praia.

"Pode dizer-se, sem dúvida, que há uma relação entre o uso dos solários e o aparecimento de mais casos de cancro de pele", começa por dizer Fernando Ribas, director da Liga Portuguesa Contra o Cancro. A explicação é simples: os solários emitem radiação ultravioleta A que é menos cancerígena que a B, mas que também o é. Além disso, é um tipo de radiação que penetra mais fundo na pele e provoca o envelhecimento precoce. Como se não bastasse, uma sessão de vinte minutos de solário equivale a dia e meio de praia. Ou seja, "a radiação é muito mais concentrada", explicou.

Fernando Ribas explica que "a pele tem uma capacidade limite para receber radiação ultravioleta" e que se a ultrapassarmos, "a probabilidade de desenvolver um cancro cresce exponencialmente". Trocado por miúdos, a pele não deveria, nunca, receber mais do que 10 sessões de solário por ano. E isto sendo muito optimista, porque na verdade, quanto menos, melhor. "Não aconselho o solário a ninguém, talvez a uma noiva, uma vez na vida", ironiza.

Certo é que o cancro de pele aumenta e aumenta em jovens. "Verificamos que há muitos mais casos de melanona (o mais maligno dos cancros de pele) em pessoas com menos de 30 anos do que aqueles que havia há uns anos. As pessoas colocam-se ao sol sem cuidado algum, sem protecção nenhuma e, do mesmo modo, fazem solário onde o perigo está muito mais concentrado", lamentou.

Na essência desta adesão aos solários está a moda da tez morena, sempre bronzeada, associada a férias, a poder económico, enfim, à classe social mais elevada. Coisa do século XX, porque, ao contrário, um século antes, a tez morena era apanágio de trabalhador rural, os nobres eram tão brancos que se viam as veias e o sangue... azul.

Duplicam a cada década

A saúde, contudo, não se compadece com modas e a cada década duplicam os casos de cancro de pele. Nos últimos 20 anos, desde que há solários em Portugal, assiste-se a um aumento significativo de cancros cutâneos.

A doença pode, contudo, demorar a manifestar-se. "Se apanhar um escaldão hoje, só daqui a 10 ou até 20 anos é que pode ter sinais", alertou o mesmo médico. "Uma célula pode ter ficado danificada, mas só uma década depois dar origem a cancro", afirmou.

"Só no meu consultório aparecem mais de cem novos casos por ano. É mesmo muito sério. E 90% dos casos devem-se mesmo a exposição excessiva de raios ultravioleta", concluiu.

Retirado de: Jornal de Notícias do dia 02/01/2010